A menos de uma semana da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, um estudo publicado nesta quinta-feira (7) diz que 2024 será o ano mais quente já registrado.
Os cientistas já fizeram as contas: para evitar esse recorde, as temperaturas médias teriam que ficar abaixo de zero até o fim de 2024 - o que é impossível. 2024 será também o primeiro ano em que o planeta ficou 1,5º C mais quente do que na média pré-industrial, de 1850-1900, quando as nações industrializadas começaram a explorar combustíveis fósseis.
Uma animação da Nasa, a agência espacial americana, mostra como as temperaturas no planeta subiram ao longo desse tempo. A meta de 1,5º C era o limite de aquecimento global pretendido pelo Acordo do Clima de Paris e, segundo os especialistas, está agora fora de alcance.
O diretor de mudanças climáticas do Instituto Copernicus, Carlo Buontempo, avisa que essa não será a única vez, e que novos recordes serão frequentes. No Japão, um exemplo prático: a neve que deveria ter caído no Monte Fuji no meio de outubro só foi chegar nesta quinta-feira (7) - é o maior atraso em 130 anos de observações. O meteorologista do Copernicus é enfático: a causa dos extremos climáticos é a humanidade.
“Ciclones e enchentes como a da semana passada na Espanha sempre existiram. Mas o aumento da temperatura faz a atmosfera reter mais vapor d’água, e esse vapor é que alimenta as chuvas extremas”, explica Buontempo.
Quase metade da população mundial é muito vulnerável aos impactos das mudanças climáticas. Até ao final do século, sem medidas agressivas, estima-se que o aquecimento global chegue a 2,8º C.
Outro relatório do Painel de Mudanças Climáticas da ONU mostra o que poderia acontecer se o aquecimento aumentasse 2º C até 2100:
- haveria um aumento de 170% no risco de inundações;
- verões sem gelo no Ártico;
- um aumento do nível do mar de 56 cm;
- seca severa para 410 milhões de residentes urbanos;
- fortes ondas de calor para 28% da população mundial;
- perda total dos recifes de coral.
Além disso, cada 0,5º C adicional pode causar uma redução significativa no rendimento das culturas agrícolas.
Os autores do relatório do Instituto Copernicus fazem um pedido: que o recorde anunciado nesta quinta-feira (7) sirva como motivação para adotar medidas mais agressivas na Conferência do Clima, semana que vem, no Azerbaijão.
Por Jornal Nacional
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