A organização japonesa Nihon Hidankyo, que luta contra armas nucleares no mundo, venceu o Prêmio Nobel da Paz 2024, anunciado na manhã desta sexta-feira (11).
Também conhecido como Hibakusha, a organização é um movimento popular de sobreviventes das bombas atômicas de Hiroshima e Nagasaki — em agosto de 1945, no fim da 2ª Guerra Mundial, os EUA lançaram sobre as bombas sobre as duas cidades japonesas, matando cerca de 120 mil pessoas.
Foi a única vez em que armas nucleares foram usadas durante guerras e conflitos no mundo.
O comitê da premiação disse que escolheu a organização japonesa este ano "como um lembrete de que essas armas não devem ser usadas nunca mais". A escolha do Nobel da Paz ocorre no momento em que o uso de armas nucleares voltou a ser debatido, em meio a ameaças de países como Irã, Coreia do Norte e Israel.
"O prêmio foi um reconhecimento por seus esforços para alcançar um mundo livre de armas nucleares e por demonstrar por meio de depoimentos de testemunhas que armas nucleares nunca devem ser usadas novamente", disse o comitê.
"Os esforços da Nihon Hidankyo têm coloaborado para manter o tabu das bombas nucleares. Atualmente, no entanto, esse tabu está ameaçado", disse o anúncio da premiação. "É uma forma de lembrar o mundo da necessidade do desarmamento nuclear".
Ainda segundo a organização, a escolha do Nobel deste ano foi motivada "por todos os conflitos acontecendo no mundo neste mundo". "Isto é um lembrete para que a gente se lembre que essas armas nunca mais devam ser usadas", disseram os organizadores.
No ano passado, a premiação foi concedida à ativista iraniana Narges Mohammadi, voz da revolução feminina histórica de seu país. Mohammadi foi a 19ª mulher a receber o Nobel da Paz, que já foi concedido a 92 homens.
Apostas
Moeda concedida aos vencedores do prêmio Nobel da Paz — Foto: Patrick Semansky/AP
Antes da entrega do prêmio, especialistas apontavam que António Guterres, secretário-geral da ONU, a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA) e o Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) estavam entre os favoritos.
Casas de apostas também indicavam o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, como um dos favoritos.
Neste ano, 286 pessoas foram indicadas ao prêmio, incluindo o Papa Francisco, embora a lista completa seja mantida em sigilo por 50 anos. O Comitê Norueguês do Nobel, composto por cinco pessoas nomeadas pelo Parlamento da Noruega, é responsável pela decisão final.
De acordo com o testamento de Alfred Nobel, o Prêmio Nobel da Paz deve ser entregue à pessoa ou organização que tenha contribuído de forma significativa para a fraternidade entre as nações, a abolição ou redução de exércitos permanentes, e a promoção de congressos de paz.
Neste ano, o premiado recebe US$ 1,1 milhão (cerca de R$ 6 milhões), além de um diploma e uma medalha de ouro.
O vencedor de 2023 foi Narges Mohammadi, uma defensora dos direitos das mulheres no Irã.
Os favoritos
Entre os favoritos ao prêmio deste ano estavam o secretário-geral da ONU, António Guterres. Segundo especialistas, ele poderia ser escolhido para fortalecer a ONU em um momento em que a organização enfrenta dificuldades para mediar e evitar conflitos.
O Tribunal Internacional de Justiça (ICJ) também era uma possibilidade, tendo condenado a invasão da Ucrânia pela Rússia e exigido que Israel evitasse genocídios em Gaza.
A UNRWA, agência da ONU responsável por ajudar refugiados palestinos, foi apontada como uma possível premiada, embora sua escolha pudesse gerar controvérsias. Israel acusa alguns membros do órgão de ligações com o Hamas.
Nomes como Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, e Alexei Navalny, opositor russo, também foram mencionados. Entretanto Navalny não poderia ser o vencedor, já que o Nobel da Paz não é entregue postumamente.
Dan Smith, diretor do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo, sugeriu que o comitê do Nobel poderia até optar por não entregar o prêmio em 2024, dada a situação global marcada por conflitos intensos.
"Talvez este seja o ano em que o comitê do Nobel da Paz deva simplesmente reter o prêmio e focar a atenção no fato de que este é um planeta em guerra", afirmou à Reuters.
O Nobel da Paz não foi entregue 19 vezes. A última vez que isso aconteceu foi em 1972.
Por g1