“Ela vive atrás de quadros, em lençóis, cobertores, nos agasalhos e nas toalhas. A maior parte dos acidentes acontece quando a pessoa vai vestir roupa, calçar o sapato”, explicou o médico Adebal de Andrade Filho, coordenador do Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Minas Gerais (Ciatox) do Hospital João XXIII.
Nos últimos três anos, segundo a Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), foram 1.213 ocorrências de acidentes com espécies de aranhas-marrons no estado, principalmente em Belo Horizonte, Manhuaçu, na Região da Zona da Mata, e Pouso Alegre, no Sul.
Segundo o médico, no Brasil há 37 mil espécies de aranhas e a maioria dos ataques da loxosceles acontece nos estados da Região Sul: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
A picada pela aranha-marrom pode causar:
- Distúrbio na coagulação sanguínea (sangramento),
- Lesões renal e hepática,
- Alterações no local da picada, com bolha de sangue e necrose (destruição da pele e do tecido subcutâneo).
Aranha-marrom tem hábito de viver dentro de casa — Foto: Léo Noronha/Funed
Tratamento
- Em caso de picada, é preciso que o local atingido seja lavado abundantemente com água e sabão, e a vítima deve ser levada para o hospital mais rapidamente.
- Se possível, o indicado é capturar o animal – sem risco a qualquer pessoa – e fotografá-lo, focando o dorso e a cabeça do bicho para ajudar o médico na identificação da aranha.
“Quanto mais rapidamente for administrado o soro antiaracnídeo, mais sucesso no tratamento”, ponderou o médico.
- Segundo o especialista, ambos os antídotos são distribuídos pelo Ministério da Saúde, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
- O toxicologista disse que existem dois tipos de soros: o antiaracnídeo – que pode combater o veneno de várias espécies de aranhas – e o antiloxosceles, somente para o veneno da aranha-marrom.
- Nos casos em que a picada da aranha-marrom torna o quadro grave, o paciente precisa passar por sessões de hemodiálise e até transfusão de sangue.
- Para anular os malefícios, apenas o soro é eficaz e, após aplicado, o paciente precisa ficar, ao menos, 24 horas internado e em observação.
“Se ele chegou tardiamente, com bolha de sangue ou necrose, precisa ficar mais tempo internado, porque a toxina é muito potente”, disse o especialista.
Ataques de aranha
🕷️De 1º de janeiro a 10 de junho deste ano, 462 acidentes envolvendo aranhas foram registrados em Belo Horizonte e Região Metropolitana.
🕷️Nove foram com a aranha-marrom, o que representa 1,9%.
🕷️Em 2023, foram 1.153 ataques no geral, levando-se em conta todas as espécies de aracnídeos.
🕷️Os dados são referentes apenas aos atendimentos realizados no Hospital João XXIII, na capital mineira.
24 horas
O Hospital João XXIII conta com uma equipe disponível 24 horas por dia, sete dias por semana, para atender à população e profissionais da saúde em casos de dúvidas ou simplesmente orientações médicas. Os telefones são (31) 3224-4000 e (31) 3239-9308.
Fachada do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte — Foto: Reprodução/TV Globo
Referência
Em Belo Horizonte, o Hospital João XXIII, da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), é referência para esse tipo de atendimento.
De acordo com a SES-MG, a maioria dos acidentes é clinicamente classificada como leves, mas a demora no atendimento médico e soroterápico pode levar ao agravamento dos sintomas e ao aumento da letalidade.
Por Alex Araújo, g1 Minas — Belo Horizonte
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